Eu deveria ter escutado meu bom e velho amigo. Sempre me alertava sobre o tempo e o quanto deveria aproveitá-lo ao máximo. Há pouco, percebi que ele sempre teve razão.
Tenho recordado de momentos que estivemos juntos, antes de sua morte. Não eram longos diálogos, nossas conversas se limitavam a pouquíssimos minutos. Mas quando mandava me chamar em sua sala, no trabalho, ficava ansioso pensando em que iria ouvir.
Sua voz serena, cansada de muitos anos, fazia uma ótima relação com o ambiente deixando-o propicio para um bom aprendizado. Seus olhos, quase cobertos por suas pálpebras caídas pelo tempo, me fitavam enquanto comentava sobre suas experiências. Disse-me, certa vez, que eu precisava ter paciência. Conhecia qualquer que seja, com seu olhar clínico, de pai atento. Eu estava ansioso. Alertou-me que o reconhecimento é resultado de muito trabalho e bom aproveitamento do tempo. Falou da época em que seus olhos lhe permitiam ler com mais facilidade, enquanto seus amigos saiam desenfreados em correria de um lado para outro, durante intervalos entre as aulas, ele abria um livro e aproveitava o tempo, o seu precioso tempo para ler mais algumas linhas. Ele sempre teve razão, perdemos tanto tempo com futilidades que esquecemos que estamos neste mundo para se desenvolver e ser útil. E, eu, em minha ignorância juvenil, não havia compreendido naquela época o que ele tanto queria me dizer.
Nesse dia nossa conversa durou pouco mais que cinco minutos; mais tempo que qualquer outra que tivemos. Lamento não tê-lo por aqui, deveria ter ouvido meu bom e velho amigo, talvez não tivesse perdido tanto tempo.
Arquiles Petrus
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