Eva Gabrielsson, viúva do escritor Stieg Larsson, autor da popular série de livros Millennium – interrompida pela morte repentina do autor em 2004 – declarou estar em condições de concluir o quarto volume da saga policial.
Em um livro de memórias que terá lançamento simultâneo na França, Suécia e Noruega na próxima quarta-feira, Gabrielsson propõe um novo olhar sobre a série de livros que vendeu mais de 45 milhões de exemplares em todo o mundo.
Larsson faleceu aos 50 anos de idade, vítima de um ataque fulminante do coração, antes da publicação de “Os Homens que Não Amavam as Mulheres”, “A Menina que Brincava com Fogo” e “A Rainha do Castelo de Ar”.
Eva, que viveu com Stieg por 32 anos, luta pelos direitos da obra do marido com a família dele. O jornalista e escritor não deixou testamento, e o casal não teve filhos. “Ela não está em busca de dinheiro, e sim da obtenção dos direitos morais sobre a série Millennium e todos os escritos políticos de seu companheiro”, afirmou um porta-voz da Actes Sud, sua editora na França.
Em seu livro, “Millennium, Stieg and Me” (“Millennium, Stieg e Eu”, numa tradução livre), Gabrielsson diz aos leitores que está “lutando por ele, por mim, por vocês”. Da mesma forma que os principais personagens da trilogia – o jornalista Mikael Blomkvist e a hacker punk Lisbeth Salander -, Larsson combateu o extremismo e o racismo durante toda a sua carreira ao lado de Gabrielsson, que é arquiteta.
Do comentado quarto volume da série, Eva Gabrielsson confirma que o marido chegou a escrever mais de 200 páginas em um computador pessoal antes de sua morte precoce. “Posso terminar (…). Stieg e eu frequentemente escrevíamos juntos”, afirma Gabrielsson. No entanto, ela destaca que só tentará retomar a história se usufruir dos direitos totais sobre a obra de Larsson. “Não é minha intenção aqui contar a história do quarto volume”, afirma Eva em seu livro.
“Por outro lado, gostaria de dizer que Lisbeth se liberta aos poucos de seus fantasmas e inimigos”. Ela explica também que ambos sofriam constantes ameaças de morte, e decidiram não se casar legalmente para evitar uma eventual perseguição por neonazistas.
Pela legislação sueca, os direitos da obra de um autor falecido pertencem automaticamente a seu pai e irmão. Em junho de 2010, pouco depois do lançamento do filme que adaptou o primeiro livro da série, Gabrielsson recusou uma proposta da família de Larsson, que ofereceu a ela 2,1 milhões de euros (2,75 milhões de dólares) e um lugar no conselho executivo da companhia que administra os direitos da obra de Stieg.
Em “Millennium, Stieg and Me”, Gabrielsson condena o que chama de “indústria e grife Stieg Larsson”. “Não quero ver canecas de café e outros produtos ‘Millennium’; quero que o Stieg ‘real’ seja respeitado”, afirma.
Escrito com a colaboração da jornalista francesa Marie-Françoise Colombani, o livro conta a infância de Gabrielsson, como ela conheceu Larsson, a vida dos dois e seus esforços para manter a revista Expo, fundada por Larsson em 1995, quando a extrema direita ganhava força na Suécia. Larsson e a equipe de jornalistas do periódico “precisavam se mudar constantemente para escapar dos nazistas que os ameaçavam”.
Foto: Divulgação
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