Há poucos dias, minha genitora passou por sérios problemas de saúde. E só foi parar num hospital, porque estava nas ultimas sem aguentar a dor numa das pernas. Diagnosticaram uma trombose na veia femoral. Foi internada as pressas, uma correria danada. Alguns dias depois, veio uma notícia que me fez ficar preocupado: a trombose havia gerado uma complicação maior, uma embolia pulmonar. Nesses casos, após conversa com o médico, o que se espera é o pior, afinal minha genitora poderia ir a óbito a qualquer momento em decorrência às complicações que a embolia poderia gerar. Após dez dias de tratamento, recebeu alta. Pulou uma fogueira de costas. Essa hora deve estar de repouso, lá em casa. Mas todo efeito, tem uma causa. Tomava remédios hormonais e de pressão, sem acompanhamento médico. Parei para imaginar quantos milhares de pessoas se automedicam como se tivessem gabarito para fazê-lo. Por certo são médicos que passaram anos estudando para auto-consultar. Pior: alguns fazem de balconistas de farmácia seus médicos particulares. Imagino as milhares de pessoas, que tomam medicamentos sem prescrição alguma, até para simples dores. Ora, uma “simples dor de cabeça” é sinal que há algo errado em seu corpo. Recomenda-se procurar um médico, mas, normalmente o que se faz é algo bem diferente. Procura-se um balconista e toma-se um remédio prescrito por ele, que talvez, não seria o recomendado para resolver o problema. Isso é preocupante, não acha? Dizem que a ANVISA esta instituindo novas regras de funcionamento para as farmácias. Mas, a maioria (se não todas) das farmácias está mais preocupada em vender, do que com o bem estar de seus clientes. Sejamos francos: cliente saudável, não é cliente rentável. Então, evitemos essa Medicina de Balcão e sejamos mais responsáveis com o nosso corpo: em caso de problemas na saúde, que procuremos um médico. Afinal, quando o seu automóvel quebra e precisa de um mecânico, por certo você não procura um cozinheiro. Ou procura?
Um comentário:
Em um momento em que se discute um maior controle do comércio de medicamentos, este relato soma-se aos inúmeros que eu como Farmacêutico estou me acostumando a vivenciar. Estava por acaso olhando o Blog do amigo quando li o seu relato. Preocupante. Dados dos centros de informações toxicológicas mostram que a maior parte dos seus atendimentos são devidos a medicamentos, se incluirmos aí, falhas terapeuticas(principalmente com antibioticos, devido a resistencia, reações adversas que são confundidas com uma nova patologia, o mal que causa o uso indevido de medicamentos vai a números alarmantes: O medicamento no Brasil é problema de saúde pública para o qual deveria haver políticas.
Em relação a automedicação e uso irracional, nos deparamos com alguns problemas: a farmácia como mero estabelecimento comercial(existe lei tramitando no congresso, que torna a farmácia um estabelecimento de saúde, mas que como toda a lei que traga benefício a população, se arrasta)onde o lucro e não a saúde da população é o objetivo o que leva a promoção da "empurroterapia" em que os balconistas são como foi citado os "medicos particulares" de boa parte da população; as ações da industria farmacêutica sobre medicos e sobre o comercio farmacêutico e os próprios Farmacêuticos que não se impõe, não se responsabilizam pelo estabelecimento(alguns apenas assinam: vão a farmácia apenas para receber). A pouco tempo a ANVISA passou a controlar o COXIB´s, antinflamatórios que foram lançados como revolução no tratamento da dor e inflamação e que se mostraram muito perigosos ao paciente, agora o alvo são os antimicrobianos e a restrição do comercio em Farmacias e drogarias, quem sabe daqui a algum tempo teremos avanços e casos como estes não voltem a se repetir.
Espero o melhor na recuperação de sua mãe. Abraços.
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